quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

quero o meu Natal de volta!

Ok...

É verdade que todos os anos me esfalfo entre as lojas e decorações natalícias para que o dia chegue, mas é também verdade que quando o maldito se aproxima, até que as horas se enchem de comida e açúcar e canela e pão e bolos e frutos secos em massas e quantidades industriais, o ridículo e o espectáculo da depressão toma definitivamente os seus contornos e acabo sempre por me arrepender de todo o esforço sobre-humano para que ele acontecesse mesmo.

Não esquecendo todas as coisas que o fazem, por birra, ser considerado magnífico, são os serões em que se discutem o top das sms do ano (invariavelmente iguais às dos anos anteriores), quais as melhores telenovelas nacionais que estão a decorrer, os primos em quinquagésimo grau que vêm abrilhantar o serão com um concurso de arrotos e e arrancar a comida com as tenazes com unhas com que nosso senhor os brindou. Ele é a sanita milionária que o vizinho comprou para a casa nova e os há também os que preferem as que têm emblemas futebolísticos no fundo do recipiente. Há as novidades actualizadas sobre o que de melhor se faz na aldeia, quem bate em quem, quem trai quem, e quem ganha o quê e quanto. Sempre de fonte segura, claro.

Entretanto:

- Cumpri à risca a minha promessa de não enviar, a não ser por agradecimento, sms natalícias, absolutamente a ninguém.

- Consegui partir em 9879873 pedaços um prato de colecção da tia que, qual museu, guarda as suas relíquias da 'vista-muito-pouco-alegre' nas paredes e que lhe deverá ter custado um preço que eu certamente conseguiria pagar por 4 caixas de 87 pratos cada.

- Atingi o ponto de ebulição do meu estômago que, com a quantidade e variedade que o aconchegou deverá assemelhar-se a uma obra prima multimilionária de Jackson Pollock.

- Enquanto quase toda a família foi cumprir a sua Missa do Galo, e tendo em conta as circunstâncias, esta foi a melhor maneira de desejar um Feliz Natal a todos :-)

sábado, 6 de dezembro de 2008

Um feliz Carnaval



















paris. 2005

Christmas Circus

São caixas, caixotes, caixinhas, sacos, grandes, pequenos, minúsculos, figuras, luzes, bolas e bolinhas e pó. muito pó.

Há vícios que não têm tratamento, e há uma teimosia minha em concretizar árvores e enfeites de Natal por onde quer que vá e por quantas casas vou tendo que quase roça o ridículo.

Faço-as sempre e invariavelmente sozinha, e encharco-me em pó e pesos e lixo que se arrasta dos anos 80 mas que ninguém ter coragem de deitar fora e dedico-me horas a enfeitar e montar e armar um circo chinês a ser desmontado semanas depois.

Contrariando toda a relutância de todos os que dispensam esse trabalho e a poluição visual que lhe segue, encarno o momento como uma criança de 7 anos em cima do banco para chegar ao topo da árvore num espectáculo trágico-cómico que se assemelha ao estado da hilariante crise em que vivemos.

Felizmente, este ano contei com a sempre genial companhia do Karajan, da Filarmonica de Berlin e a nona do capitão Bethooven para me ajudar na festa.

Uma tragédia é menos trágica quanto melhor for a companhia.

Ou pelo menos assim devia ser.