Cheira a pão e a café quente ao acordar. Ouvem-se vozes, pratos e talheres e o rebuliço matinal das horas. Ouve-se o chilrear dos pássaros por entre a confusão de pijamas, escovas de dentes, pantufas, caras estremunhadas e bons dias arrastados. Ouvem-se vozes que já há muito não se ouviam. Conversas que nos soam à infância e aos tempos que afinal, sempre se repetem.
O tanque está quase lavado, e a relva quase toda semeada. Contaremos que, para o Verão teremos um manto verde onde nos poderemos estender. Todas as árvores de fruto foram já plantadas, as telhas partidas estão já todas varridas. Apanham-se as azeitonas caídas. Sobram as últimas nozes nas cestas em casa. O sol adianta-se pela cozinha dentro. Deixa entrar o ar quente que Março trouxe. Há abelhas deleitadas no resto dos favos de mel pousados na colmeia. Há mulheres a trabalhar batatas e carnes e temperos e fogões acesos com couves ao lume.
Há velhas tigelas que pedem o vinho verde e fresco, e jarros transparentes a aguardar a água límpida e gelada da fonte da casa. Há mesas cobertas de pratos e copos e rodeadas de bancos e cadeiras. Há pó que aguarda os corpos. Há os altos risos e cantorias talhadas a vinho e a longas memórias, há amenas conversas que adormecem ao sol no velho banco do jardim.
Temos de nos despachar. É quase uma hora e eles devem estar a chegar.
terça-feira, 17 de março de 2009
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