quinta-feira, 24 de setembro de 2009

In fear we trust

Passamos vidas inteiras à espera que decisões se tomem por nós. Que alguma coisa, alguém, uma entidade qualquer mova assim pessoas, coisas e vidas, movimente um mundo inteiro de circunstâncias e acasos para que, por nós, não tenhamos que encher o peito e, dolorosamente, no fim, lá no derradeiro e final momento, termos que dar o veredicto.

Queremos mudar a nossa vida inteira, gostávamos de vestir outra pele, outro corpo, num local completamente diferente para não termos que fechar os olhos e dizer, a medo, o sim que tanto esperamos.

Adiamos e conseguimos viver uma indecisão durante anos, a pensar no que podíamos ter feito mas não fizemos pelas razões mais absurdas possíveis. Devíamos ser os bebés, os recém nascidos que com meses são lançados à água, sem medo nem indecisões que bracejam e se agitam freneticamente, mas que raio, que também respiram! E no tempo que passa entre o pensamento, a dor na barriga que se arrasta, o medo constante de assumir o futuro até à decisão estar tomada, até ao ponto final em que aterrarmos com as sapatilhas e o que for preciso no chão, treinamos, a fundo, com toda a força, o tom com que diremos, no fim "pronto, já está, já foi, agora, seja o que deus quiser".

As grandes decisões fazem de nós pessoas maiores, mais completas, mais adultas (ou lá como lhe chamam). É o que dizem os decididos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Nas grandes e nas pequenas decisões o meu aval está ctg!!;)