quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Um dia

saio de casa num dia a chover de manga curta e sandálias.

Hoje é o dia.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Um dia, mas não hoje...

Reconheço-me por entre palavras suspensas e metáforas imperceptíveis de uma vida que não é bem a que queria mas que não é totalmente contra. Procuro nesta indefinição uma desculpa para o comodismo que me leva a não ser mais feliz do que sou. Sabe-me bem deixar-me ir a favor de um destino que me arrebatou, e penso: um dia quando estiver mesmo muito cansada, a minha vontade vai ter os músculos que precisa para ser própria.

In fear we trust

Passamos vidas inteiras à espera que decisões se tomem por nós. Que alguma coisa, alguém, uma entidade qualquer mova assim pessoas, coisas e vidas, movimente um mundo inteiro de circunstâncias e acasos para que, por nós, não tenhamos que encher o peito e, dolorosamente, no fim, lá no derradeiro e final momento, termos que dar o veredicto.

Queremos mudar a nossa vida inteira, gostávamos de vestir outra pele, outro corpo, num local completamente diferente para não termos que fechar os olhos e dizer, a medo, o sim que tanto esperamos.

Adiamos e conseguimos viver uma indecisão durante anos, a pensar no que podíamos ter feito mas não fizemos pelas razões mais absurdas possíveis. Devíamos ser os bebés, os recém nascidos que com meses são lançados à água, sem medo nem indecisões que bracejam e se agitam freneticamente, mas que raio, que também respiram! E no tempo que passa entre o pensamento, a dor na barriga que se arrasta, o medo constante de assumir o futuro até à decisão estar tomada, até ao ponto final em que aterrarmos com as sapatilhas e o que for preciso no chão, treinamos, a fundo, com toda a força, o tom com que diremos, no fim "pronto, já está, já foi, agora, seja o que deus quiser".

As grandes decisões fazem de nós pessoas maiores, mais completas, mais adultas (ou lá como lhe chamam). É o que dizem os decididos.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

sopas e descanso

A pele que estremece, a testa que sua, os olhos que incham, que humedecem, os espirros que saem, e os outros que ficam. o nariz, a garganta.

o corpo mole que pede cama. que pede mimo. sofá e muito chá.

Recolhimento.

Bem-vindo sejas Outono.

domingo, 20 de setembro de 2009

ERRATA: ainda bem que sempre diferentes*

aqui era suposto estar o vídeo da canção: Let's Call The Whole Thing Off interpretado pelo Fred Astaire e a Ginger Rogers que entretanto foi removido por violação dos termos de uso, mas que, para felicidade de muitas famílias, se encontrou uma versão da Billie Holiday para abrilhantar o 'postezinho' :)



*na maneira como sempre somos.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

tudo aquilo de que não precisávamos









era que sábado fosse marcado por nuvens demasiado negras. Por chuvinha murrinha em cima dos cabelinhos demasiado penteados, a manchar pinturas e coberturas. Por sorrisinhos demasiado contentes. Por demasiadas atenções em todas as direcções, por saltos altos e bocas demasiado vermelhas. Por tudo demasiado impecavelmente belo.

Tudo o que precisávamos era que sábado passasse a voar, por cima da chuva e de todos os brilhos, para não termos a sensação de dor nos pés prolongada há demasiados dias.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

When I grow up, I want to live near the sea. Crab claws and bottles of rum



You’ve got cucumbers on your eyes
Too much time spent on nothing
waiting for a moment to arise
The face in the ceiling and arms too long
I wait for him to catch me

Sopa de urtigas

Às vezes apetece-me dar o grito do Chega a mim própria. Mandar tudo às urtigas, e com elas fazer um deliciosa sopa para os males que me assolam a alma. É preciso paciência para me aturar esta insatisfação, e vontade de contrariar o que sou. E se eu nao tenho paciência para mim, quem terá?

preciso de um telemóvel novo

como prenda oficial da comemoração de hoje ser quarta-feira e eu já não ter sistema nervoso que aguente o nível de imbecilidade da tecnologia que se arrasta ao meu lado há meia dúzia de anos e que já não me deixa fazer chamadas que não sejam com uma voz robótica com todos aqueles que a deviam ter normal.

(Quanto aos robôs com quem por vezes ainda falo, infelizmente continuam com a voz de sempre).

Pode ser barato e básico, desde que me permita estabelecer chamadas longas, emocionantes e inúteis sem ter vontade de o triturar na liquidificadora e bebê-lo com gelo picado e limão.




terça-feira, 15 de setembro de 2009

Poema sobre a família

Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu, depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco.

José Luís Peixoto, A Criança em Ruínas

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

cantiguinhas e violinos à janela

Os Cinematic Orchestra cantam por aquelas bandas qualquer coisa como:

There is a house built out of stone
Wooden floors, walls and window sills...
Tables and chairs worn by all of the dust...
This is a place where I don't feel alone
This is a place where I feel at home...

Cause, I built a home
for you
for me

a mim apetece-me cantarolar-te o mesmo

sábado, 12 de setembro de 2009

como sempre: todo o controlo é bem mais fácil na teoria que na prática











































Anotei cuidadosamente as preciosas dicas que o 'venus as a boy' tão pacientemente se dispôs a
partilhar comigo há uns dias atrás. O objectivo era anular o modo automático da maior parte das fotografias que eu passasse a tirar, ao conseguir controlar a abertura ou a velocidade na máquina.

A partir daí, toda a atenção seria virada para o objecto, tempo, abertura, diafragma, velocidade, luz, para todos juntos, ou então...a nenhum em especial.

Hoje dediquei-me a pô-las em prática em casa, de pijama, de cábulas na mão, a suster a respiração entre cada 'clic' e a fazer pinotes na cama, deitada no corredor, para tentar os mais arriscados (e ridículos) enquadramentos. Os alvos foram escolhidos cuidadosamente e ainda consegui partir uma cadeira do terraço com as acrobacias quase quase quase quase artísticas. Todas as outras - várias dezenas - de fotografias de todos os outros tantos objectos encontram-se agora a repousar confortavelmente na Reciclagem.

Com muita pena minha, os resultados não foram senão experiências quase fracassadas que rondam a proximidade ao vulgar modo automático (mas com muito mais suor e colapsos respiratórios :-) para além de não ter conseguido pôr todos os ensinamentos em prática como gostaria.

Pelas razões mais óbvias, tornou-se imperativa a compra urgente de um tripé (e talvez de um curso a acompanhar ;-)

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

podemos lutar por vestir todas as camisolas que quisermos



abnoxia que um dia vai ter o nome dela escrito numa bola, num campo, num palco, numa rua, ou na vida de alguém.)

sem reticências :-)

tenho uma ferida no céu da boca

dás-me um beijinho a ver se passa?

Aqui fica a previsão, não vá levares o boné e precisares do guarda-chuva

Céu pouco nublado, temporariamente muito nublado e com condições
favoráveis à ocorrência de aguaceiros e trovoadas nas regiões
Centro e Sul em especial durante a tarde.
Vento fraco (inferior a 15 km/h), soprando moderado (15 a 25 km/h)
de noroeste na faixa costeira ocidental durante a tarde.
Neblina ou nevoeiro, em especial no litoral oeste, dissipando-se
ao longo da manhã.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

em hibernação

You live like this, sheltered, in a delicate world, and you believe you are living. Then you read a book… or you take a trip… and you discover that you are not living, that you are hibernating. The symptoms of hibernating are easily detectable: first, restlessness. The second symptom (when hibernating becomes dangerous and might degenerate into death): absence of pleasure. That is all. It appears like an innocuous illness. Monotony, boredom, death. Millions live like this (or die like this) without knowing it. They work in offices. They drive a car. They picnic with their families. They raise children. And then some shock treatment takes place, a person, a book, a song, and it awakens them and saves them from death. Some never awaken.

Anais Nin

no sofá da sala

a minutos de acordar, mudar hábitos, espreguiçar, dizer não. Saber onde é a porta de saída, levantar-me e não parar. De me dedicar, de ler, aprender. Continuar. Memorizar pormenores, fotografá-los, enquadrá-los, emoldurá-los.

Trazê-los comigo para outro sofá qualquer.


Lavámos a cara e acabámos com os pontos negros

Esfregámos e massajámos com o gel de limpeza, aplicámos o tónico adstringente, espalhámos o creme hidratante e o sérum à volta dos olhos para tratar da saúde às primeiras rugas.

Maquilhámo-nos delicadamente, minuciosamente.

Reaparecemos com uma nova cara.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

preciso de uma Laica todos os dias

Tropecei nelas aqui e fizeram-me lembrar da falta enorme que ela ainda me faz todos os dias e que nem sempre me lembro.





































há dias em que

o loflazepato de etilo é o meu melhor amigo.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Conselho de amiga

Se eu te dissesse para saltares de uma ponte tu saltavas?

- não


Pois, mas devias.

Relativiza

Quando, em vez de uma amiga, te pedem que sejas um robôt com asas, um monstrinho maquilhado, uma bimby qualquer sem um coração lá dentro.

Respira fundo e finge.

Para que ninguém se chegue sequer a aperceber que amigos são os que nem se lembram de pedir. São os que têm as coisas de graça e levam bónus adicionais não contabilizados na factura.

skin dresses



há vestidos que exigem mais do que aquilo que somos ou conseguimos.
transformam-nos em diamantes delicadamente lapidados, com rebordos por trabalhar.

apesar de tudo. seremos sempre maiores dentro deles.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009



















voltaria a não contar os minutos em frente àquele frigorífico. Onde, para além de legumes e bebidas frescas, se encontram palavras sem prazo de validade

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Há terças e terças e hoje é uma das boas

Pelo teu aniversário, menina dos olhos de mel nesta terça-feira promissora.

Aqui estão os nossos parabéns (meus e dele) que melhor não te podíamos desejar.





Shadow masking matters
Can't conceal the way you really feel
It doesn't fit our souls exist
That of they asked me how it is

New morning dew for you
Sweet honey hips your lips
Hold spells when cast they dwell
Like magic in your kiss

Confusion colours cruel designs
Unhappy girl, you're out of time

Gentle Tuesday
Sad and lonely eyes
Gentle tuesday
See yourself tonight

Memories as fat as bees
Presents a mess of poison tears
A word unkind that tricks our minds
We really warned before your time

Happiness, nothing less
A universal way
Bad seeds but fruit are sweet
You choke on empty days
Confusion colours cruel designs
Unhappy girl you're out of time

Gentle Tuesday
Sad and lonely eyes
Gentle tuesday
See yourself tonight